sábado, 18 de dezembro de 2010

República

            Então, nesses dias natalinos em ritmo de férias. Todos ou quase todos os meus colegas de apartamento voltaram pra suas respectivas casas. Faz tempo que não escrevo nada, porque não aconteceu nada de interessante por aqui. Exceto a Fête des Lumières, que foi um fiasco total, segundo os próprios lionianos. 
            Posso escrever o que aconteceu no passado um pouco mais anterior à festa. Como vocês já sabem, cheguei aqui em setembro. Fiquei alguns dias no Albergue da Juventude de Lyon. Depois tive ajuda de um francês, fiquei na casa dele por um tempo até antes das aulas começarem, ou seja, antes do dia 20 de setembro, teria que achar um lugar para morar. Eu e uma alemã, Elisa, procuramos lugar pra ficar em Colocation, tipo uma República, mas não tem nome e menos festas. Ela conseguiu uma e hoje mora com duas francesas no centro de Lyon. E eu consegui só conhecer um francês, o Marco, que estava procurando apartamento para fazer uma Colocation.
            O Marco colocou num desses sites que anunciam vaga, que ele não tinha vaga para oferecer, mas que estava procurando também e que queria formar uma Colocation. Como eu estava ligando para todos os anúncios e recebendo um "Desculpa, mas o quarto não está mais disponível!", liguei para ele. Nos encontramos num café perto de Bellecour. E lá, estavam a Sabrina, a Floriane e o Mehdi. 
            Isso foi numa terça. Conversamos e decidimos procurar um apartamento no dia seguinte, a principio para seis pessoas, incluindo o padeiro Guillaume, que não estava na reunião. Na quarta, fomos à caça. Depois de ir lá e acolá. Por incrível que pareça, encontramos um apê para seis pessoas, fora de Lyon, em Villeurbanne, no banlieu. Marcamos uma visita no mesmo dia, todos acharam ótimo. O problema é que não podíamos mudar logo de cara, porque estava em reforma. E eu tinha que sair da casa do Florian, porque os seus "coloc's" iam voltar. Mas daí, Aurélie me ajudou, e eu fiquei na casa dela até outubro cuidando dos gatinhos dela.
             Em outubro, mudamos. Já faz uns três meses que moro com: 
             Sabrina, italiana de Bolzano, que não gosta de vinho nem de queijo e que tem alemão como língua materna; é estagiária em medicina, organizada, tem manias de limpeza, é doce e encantadora, e tem um senso de humor que eu curto; pessoa que mais gosto na república. E conhece o México. E cozinha muito bem também.
             Mehdi, francês, estudante de psciologia, gosta de café expresso da sua cafeteira italiana (preciosa), fala inglês com sotaque (mto engraçado), gosta de poker (até agora nunca ganhou), defeitos: achar que sempre tem razão e que possui reposta pra tudo. Frase: Les gens sont bêtes!  
             Floriane, francesa do banlieu de Paris, estudante de tradução em inglês, alemão e russo; é gentil, inteligente, individualista e reservada; curte filmes do Godard; morou na Austrália, e visitou a Tailândia. E estuda pra caramba, muito mesmo!!! 
             Marco, francês-italiano, ou vice-versa, estudante de economia. Mora no Mont Blanc-Chamonix, visual leleske dos alpes. Gosta de música, tem uma bateria eletrônica, violão e amplificador no seu quarto. Já morou na Austrália. E curte The Kooks.
             Guillaume, o padeiro, francês de Roanne. Largou a escola com 16 anos para trabalhar, hoje possui o ofício de fazer pão. Acorda de segunda à sexta, às 4h pra trabalhar, mas tira aquela siesta à tarde. Não fala outra língua, mas arrisca um espanhol; nunca pegou um avião, mas tem vontade de conhecer a Argentina e a Tailândia. Odeia o frio. Seu sonho morar num país tropical.

              Apesar de amar morar sozinha. Tenho muita sorte de tê-los conhecido. A maioria dos estrangeiros na França acabam nem conhecendo nenhum francês, só estrangeiros. Eu pratico francês todos os dias aqui, quando não estou viajando. A gente joga wii, vê Harry Potter, Les Simpsons e Friends dublado, joga poker, bebe cerveja ou vinho, e joga conversa fora sobre qualquer coisa. É muito legal morar, na maior parte do tempo. Às vezes é chato, mas daí eu penso: é a França. Ela é assim às vezes. Tento sobreviver à burocracia cotidiana e achar graça em pequenas coisas, como na neve ou no crepe. 


             Sei lá, mil repúblicas!

6 comentários:

  1. aiii, li tudo e achei tão fofo sua descrição dos amiguinhos!

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  2. Junia, sensacional a sua descrição desse mundo de descobertas na França. Ao mesmo tempo que tenho inveja da sua coragem - nunca foi a minha praia "intercâmbio". Sou muito ressabiado, gosto de tudo certinho, garantido demais - sei que é inspiradora para um dia visitar a França, mas em outras condições - rs. Parabéns. Vc tem luz menina, siga em frente! Abs, Leop

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  3. Ah, vc não vai acreditar!!!! O código para postar o meu comentário anterior foi "dessin"!!!!!!!!!!!!! É um sinal, é um sinal! - rs

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  4. vou repetir: eles estão todos convidados a conhecer RJ e MS.
    saudades
    mamã

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  5. mae, eles não lêem portugues, eles não lêem esse blog hehe

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