quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Passeio Público

            Quanto tempo não posto nada nesse blog. Não que não tenha feito nada. Pelo contrário, acho até que estou fazendo muitas coisas. Tenho saído com os amigos queridos, os mesmos dos quais passei tanto tempo longe na bendita França. Nesses sete meses, desde a última postagem, até viajei para Minas Gerais, fui visitar o Thiago em Juiz de Fora, de quebra fui novamente à Tiradentes. Visitei a Carolina e a Ana Carolina em São Paulo. Até dei aquela passadinha no Paraguai. Visitei minha avó no Paraná. Enfim, fiz muitas coisas. Consegui um estágio depois de tanto procurar na Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Ah, o Rio de Janeiro...
            Se tenho saudades da França? Até tenho. Dos queijos, da Aurélie, da mexicana, do vinho, de beber vinho com a mexicana, de sair pra "dançar" Salsa com a Aurélie, de sair com a Aurélie. Mas o Rio de Janeiro... é uma cidade linda e maravilhosa, com seus percalços, claro, mas a França também tem. Quem não tem? Noruega? Acho que não. Desde que voltei, tudo me é mais bonito, por algum motivo! Talvez nostágico! Senti muita falta do calor humano e até do calor físico mermo, dos 40ºC do verão, do Verão, do Carnaval, dessa bagunça fluminense. Senti falta de tudo. Menos da violência, da desigualdade exorbitante que nos circunda diariamente. Lá existe tudo isso também, mas é diferente, o jeito como as pessoas de lá lidam com isso.
             Enfim, esse não para ser um post nostágico nem triste nem sócio-filosófico sobre as condições sociais entre França e Rio. Era para dizer sobre um simples passeio que fiz hoje de manhã, antes do meu curso de alemão. Pois é, resolvi dar continuidade a um curso que fiz em Lyon, onde conheci a mexicana inclusive, estudante de canto lírico. Pois bem, cheguei uma hora antes do curso, madruguei mesmo. Cheguei ali na Cinelândia por volta das 7h30, fui dar um passeio no Passeio Público. Um lugar que nunca entrei. Havia poucas pessoas no parque, exatas duas, além dos funcionários- um guarda e dois garis.
            Sentei num banco e escrevi a seguinte:
" Um Passeio Público
Uma abelha numa florzinha, som de passarinhos, de trânsito carioca matinal, o mesmo sol batendo nas mesmas árvores que aqui estavam provavelmente quando foi inaugurado há quase 220 anos, um ar fresco de natureza intacta, umas estátuas ignoradas pelo cotidiano moderno. Primeiro de fevereiro de 2012. Há quase exatos 6 anos, moro na cidade sorriso e todavia nunca hei sequer pisado nesta terra bem cuidada pelos garis. Sehr shön é o que eu posso dizer em alemão sobre este lugar, quer dizer muito bonito.
Um sentimento bucólico no ar, creio que talvez com o mesmo sentimento dos poetas da Inconfidência do século XVIII. Me senti o próprio Tomás Antonio Gonzaga, ou Dirceu, escrevendo para sua Marília.
Valeu a pena até levar umas picadas de mosquitos no pé descoberto para ver que a Mata Atlântica ainda sobrevive em meio a mata não nativa e à cidade..."

             Sei lá, mil lugares brasileiros a descobrir!
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