domingo, 15 de julho de 2012

La Rochelle Belle et Rebelle




Sabe aquele senso comum de que cada viagem que fazemos é muito importante para a nossa vida, de que acrescenta não só conhecimento, mas também dá novos significados à ela. Pois então, essa não foi muito diferente disso.
No começo, quando percebi que os organizadores desse laboratório cultural não sabiam muito sobre cinema muito menos sobre o festival da cidade onde vivem, confesso que fiquei chateada. Mas depois quando eu vi e percebi sobre o que realmente se tratava tal experiência, eu deixei estar.  Todos os 23 participantes ali estavam porque tinham algo em comum,  a língua francesa o meio de comunicação entre si, 13 nacionalidades dentre Russia, Mongólia, China, México, E.U.A., Malta, Uzbequistão, Kosovo, Bósnia Herzegovina, Líbano, Israel, Benin  e Brasil, sendo eu a representante solitária desse país enorme. A Rússia por sua vez tinha nove representantes, uma de cada parte do também gigante país, cujas cidades não sei nomear, além de Moscou e Perm.
Aprendi muito nessa primeira semana do mês de julho, aprendi que somos todos muito parecidos e muito diferentes também. Aprendi que Líbano é tabu duas pessoas se beijarem na rua ou falarem sobre sexo. Aprendi que nem todo judeu segue a risca os mandamentos da religião e que esses são tipo brasileiros católicos que não vão à Igreja.  Aprendi que alguns estadunidenses não gostam de TV e que aprendem outra língua além de inglês. Aprendi que Benin existe e que fica do ladinho de Senegal e que há pessoas querendo fazer cinema lá. Aprendi que a Rússia é moderna e que na Sibéria pode fazer um pouquinho de calor. Aprendi que os franceses podem ser simpáticos quando ficam velhos e aposentam e vão morar em vilarejos perto do mar. Aprendi que na Mongólia eles ainda deixam as mulheres cozinharem e que possuem um toque ocidental na maneira de se vestirem. Aprendi que a Bónia vai bem muito obrigada.
E chego a uma conclusão: todos deveriam sair de suas bolhas ao menos uma vez na vida para vivenciar tal tipo de experiência. Sei que há muitas pessoas interessadas em aprender francês no Brasil e que não possuem meios nem recursos para viajar para um país francófono. E acho que o governo brasileiro deveria fazer o mesmo tipo de laboratório com pessoas que gostariam de aprender o português brasileiro. Conheço já muita getne que o fala e o aprende. Se somos a nação do futuro desde Getulio Vargas e não sei quando... deveríamos incentivar o aprendizado da nossa língua mundo afora. Espalhar umas franquias por aí, tipo uma Aliança Brasileira ou um Instituto Professor Pasquale. Porque não? Aposto que teria vários adeptos.
Só sei que a cada dia que passa tenho a certeza de que nascemos cidadãos do mundo e que nenhum lugar nos pertence, apenas nos é emprestado.
Sei lá, mil coisas!
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quarta-feira, 13 de junho de 2012

De volta às viagens

          Viajei para Campo Grande em Março para formatura de um amigo que amo muito, meu querido Lucas, e também para visitar meus pais que não via desde o carnaval. Viajei também para Paraty semana passada, para o Festival de Jazz, com três queridíssimos e todos lindos, Willian, Paula e Beatriz. Foi a nossa primeira viagem com o Matsumóvel, até Alejandro se aventurou nessa empreitada na serra fluminense. Agora para o evento do ano, Rio + 20, o queridíssimo prefeito Eduardo Paes, decretou ponto facultativo entre os dias 20 e 22 de junho. Desse modo, irei eu viajar novamente para Campo Grande. Não porque quero fugir da cidade, mas porque ando meio desacreditada desses eventos com políticos que apontam o dedo na nossa cara falando que a culpa do aquecimento global e dos problemas  ambientais são exclusivamente nossos, da sociedade civil. Como se eu falasse para indústria petrolífica para produzir o que ela produz porque eu inventei meu carro e preciso me locomover. Enfim... também não posso não fazer, ou pior, continuar fazendo tudo em grandes excessos, que é o grande problema do sistema hoje, e inclusive um dos fatores dessa crise econômica, os excessos, excessos que estão ficando escassos, não se pode exagerar, mas a vontade está lá, contida, de exagerar, de querer tudo e não poder pagar a conta depois. E quem paga depois somos nós mesmos e os mais pobres...
          Não, vamos falar de coisas legais, de pensamentos positivos... mas fica difícil assim!


          Sei lá, mil lugares onde possamos viajar nos nossos pensamentos e ver estrelas!
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Passeio Público

            Quanto tempo não posto nada nesse blog. Não que não tenha feito nada. Pelo contrário, acho até que estou fazendo muitas coisas. Tenho saído com os amigos queridos, os mesmos dos quais passei tanto tempo longe na bendita França. Nesses sete meses, desde a última postagem, até viajei para Minas Gerais, fui visitar o Thiago em Juiz de Fora, de quebra fui novamente à Tiradentes. Visitei a Carolina e a Ana Carolina em São Paulo. Até dei aquela passadinha no Paraguai. Visitei minha avó no Paraná. Enfim, fiz muitas coisas. Consegui um estágio depois de tanto procurar na Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Ah, o Rio de Janeiro...
            Se tenho saudades da França? Até tenho. Dos queijos, da Aurélie, da mexicana, do vinho, de beber vinho com a mexicana, de sair pra "dançar" Salsa com a Aurélie, de sair com a Aurélie. Mas o Rio de Janeiro... é uma cidade linda e maravilhosa, com seus percalços, claro, mas a França também tem. Quem não tem? Noruega? Acho que não. Desde que voltei, tudo me é mais bonito, por algum motivo! Talvez nostágico! Senti muita falta do calor humano e até do calor físico mermo, dos 40ºC do verão, do Verão, do Carnaval, dessa bagunça fluminense. Senti falta de tudo. Menos da violência, da desigualdade exorbitante que nos circunda diariamente. Lá existe tudo isso também, mas é diferente, o jeito como as pessoas de lá lidam com isso.
             Enfim, esse não para ser um post nostágico nem triste nem sócio-filosófico sobre as condições sociais entre França e Rio. Era para dizer sobre um simples passeio que fiz hoje de manhã, antes do meu curso de alemão. Pois é, resolvi dar continuidade a um curso que fiz em Lyon, onde conheci a mexicana inclusive, estudante de canto lírico. Pois bem, cheguei uma hora antes do curso, madruguei mesmo. Cheguei ali na Cinelândia por volta das 7h30, fui dar um passeio no Passeio Público. Um lugar que nunca entrei. Havia poucas pessoas no parque, exatas duas, além dos funcionários- um guarda e dois garis.
            Sentei num banco e escrevi a seguinte:
" Um Passeio Público
Uma abelha numa florzinha, som de passarinhos, de trânsito carioca matinal, o mesmo sol batendo nas mesmas árvores que aqui estavam provavelmente quando foi inaugurado há quase 220 anos, um ar fresco de natureza intacta, umas estátuas ignoradas pelo cotidiano moderno. Primeiro de fevereiro de 2012. Há quase exatos 6 anos, moro na cidade sorriso e todavia nunca hei sequer pisado nesta terra bem cuidada pelos garis. Sehr shön é o que eu posso dizer em alemão sobre este lugar, quer dizer muito bonito.
Um sentimento bucólico no ar, creio que talvez com o mesmo sentimento dos poetas da Inconfidência do século XVIII. Me senti o próprio Tomás Antonio Gonzaga, ou Dirceu, escrevendo para sua Marília.
Valeu a pena até levar umas picadas de mosquitos no pé descoberto para ver que a Mata Atlântica ainda sobrevive em meio a mata não nativa e à cidade..."

             Sei lá, mil lugares brasileiros a descobrir!
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