domingo, 27 de fevereiro de 2011

Além disso, somos atrasados!

             No dia em que postei o ultimo texto, aconteceu um choque cultural sobre as "boas" maneiras de um brasileiro (Desculpa, Aurélie!). É verdade que não usamos "vós" e que chegamos atrasados e nem avisamos sobre o atraso, porque para nós não é um atraso. Não temos regras de etiqueta. Se temos, não seguimos. Ignoramos. E com nosso jeitinho tentamos nos desculpar pelo nosso jeitinho de ser. Somos atrasados com esse jeitinho brasileiro.
             Não que a França em si seja super avançada. Digamos que ela está no ponto. É pontual portanto. Nós somos atrasdos mesmo. Temos um salário mínimo ridículo que nem faz cócegas, e brigamos para ter um menos ridículo que R$545. Aqui o mínimo é cerca de 1.000€ liquido mensais por 35 horas/semana de trabalho. No Brasil, não chega a 200€, e temos praticamente a mesma carga tributária que a francesa. A classe média é bastante grande. A maioria das pessoas ganha pouco mais de 2.000€. Os casais tem no máximo dois filhos cada. Sobra dinheiro pra viajar um pouco. Boa parte dos brasileiros nunca pegou um onibus para ir a uma outra cidade fazer apenas turismo.
             Claro, aqui tem gente desempregada, que recebe ajuda do governo que está em crise por causa da crise, reminescências da crise americana de 2008 ainda. A UE ainda sofre dela. Muita gente desempregado aqui aliás. Gente sem teto e uma capital com 10% dos prédios desocupados. Paris é uma das cidades com metro quadrado mais caro do mundo, junto com Tóquio e Nova Yorque. A França está longe de ser perfeita, mas está tentando chegar lá na hora. Quanto ao Brasil, continuamos esperando.
              Somos atrasados porque não gostamos de esperar. Mal sabemos que esperamos atrasados e estagnados. No entanto, para os europeus, o Brasil é um país autêntico, que temos uma mulher à frente da presidência e que tivemos, antes dela, aquele baixinho que fala engraçado e super simpático. Temos nossos problemas de favela, mas encaramos a vida com bom humor. Para uma Italia de Berlusconi ou uma França de Sarkosy, somos, aos olhos conservadores e extremistas temerosos de um terrorismo por vir, de certo modo vanguardistas. 




               Aquilo que enxergamos nem sempre é a realidade. Parece um caximbo, mas não o é. Parecemos avançar, mas será? Espero que sim. 
     
                Quadro do René Magritte, que espero estar em algum museu em Bruxelas, na Bélgica. Vou pra lá na Páscoa com a Aurélie. Estou num momento crucial que ao mesmo tempo quero ir me embora para Pasárgada, mas ao mesmo tempo também quero ficar no Hexágono de Carla Bruni. 


                 Sei lá, mil atrasos!


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A gente somos informal

             Fiz três anos e meio de Aliança Francesa antes de vir pra cá, e quando a gente estuda francês, somos avisados das diferenças de tratamento, entre vous e tu. Porém, não fazia ideia da importancia da formalidade para cada cidadão aqui. Aliás, existe até um verbo pra isso, na verdade dois, vouvoir e tutoir, que servem para pedir que o tratem de maneira formal ou mais amigável. Os jovens pouco se importam se você os trata com tu logo de cara. Já os mais velhos, sim.
             Cheguei aqui vouvoando todo mundo, o que incomodava alguns franceses jovens de quem já era amiga, como a Floriane, por exemplo. Então comecei a usar o tu, o que me rendeu alguns tapas na cara verbais, sempre com educação. Acho que pior do que ser xingado na rua, é levar uma indelicadeza com educação, mas só porque você foi indelicado primeiro (sem percebê-lo claro). 
              No Brasil, o problema é na hora de ser formal. O que fazer? Como proceder? Então, eu acho que é por isso que todo mundo vira amigo de todo mundo, mesmo não querendo ser. Justamente para evitar formalidades formais. Um pouco hipócrita querer ser amigo de todo mundo. Impossível sê-lo, na verdade. 
              Até porque voltar a falar "vós", tenho lá minhas crenças de que a gente nunca utilizou "vós" na vida. Ninguém usa, é difícil de conjulgar, nem o professor Pasquale sabe direito. E o "tu" ficou para alguns dos brasileiros que insistem em usá-lo, de maneira até à la francesa, não pronuciando as consoantes no final da palavra, nesse caso, o "s". Um exemplo: "Mas tu acha a Gisele é linda che?!"
              Seria atavismo demais tentar resgatar o "vós" para nossas vidas, e ainda acrescentar dois verbos que causariam confusão, vósvoar e tutoar. Não rola! Total ;)! Seremos sempre informais, como a norma de conduta brasileira nos ensina desde pequenos, que se chamamos alguém por Senhora, a resposta será "É a sua vó"!!! Dae convida-se gentilmente  pra tomar um chopp, como todo brasileiro normal faz, chamando pelo bom e velho "você"! Deixemos pois o "tu" bem conjugado e o "vós" para os amigos lusos do Bruno Aleixo. (Bruno Aleixo na Escola)
              
               Semana passada escrevi o post sobre queimar o país em que habito no momento. Por puro mal estar de ter que resolver as coisas tudo sozinha. A vida de adulto é assim, cheia de burocracia. Pensando assim logo vou ter que encará-la no Brasil de novo. E quando voltar vou ficar remoendo e dizendo que não aproveitar a França ou Lyon como deveria.
                Lyon é realmente uma cidade linda e muito legal para se morar. Não é preciso andar com medo nas ruas, nem olhando para todos os lados desconfiando de todo mundo. Apesar de fazê-lo por força do hábito. Mas lógico que a cidade não é livre de caos também. No domingo, dia 13, um cara com um furão passou a faca na goela de um homem de 27 anos apenas só porque ele reclamou do furão que andava aparentemente sem coleira. E nesse sábado, na comemoração de aniversário do padeiro, um cara jogou um coquetel molotov em frente ao Boston Café, só porque o segurança não deixou ele entrar... gente doida nesse mundo!
                Quero dizer que estou aproveitando. Ao lado da Aurélie, Sabrina, Sofia (mexicana mucho loca)!!! E agora da Moema também! Bizarro total tê-la encontrado em Lyon!! A conhecia do pH, que a gente fez em 2007, depois disso, mesmo morando em Niterói, mesmo fazendo UFF, e mesmo o campus de Direito sendo do lado do Iacs, nunca nos encontramos depois do cursinho. Só agora! Genial o mundo ser tão petit!


Olha como Lyon é bonita!


                Sei lá, mil vóses che!

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Burocracia, a história

            Realmente é uma longa história ter que encarar a Burocracia. Já é aquela história tê-la no Brasil, mas na França onde ela foi criada é mais tensa, mais adrenalina, mais vontade de mandar todo mundo à la merde, como diz Anita. 


            Em Paris, existe o Musée de la Bureaucratie, muito legal. Mas antes de ir lá tem que achá-lo primeiro. Esse museu fica na Rue des Perdus, no XXI˚ arrondissement. Tem que comprar a entrada pela internet ou nas lojas Fnac. Feito isso, tem que voltar e tentar achar esse museu no Google. Se não encontrar, tentar pedir informação em francês gaulês antigo. Caso não fale a língua, arranjar alguém que fale. 
            Quando encontrar o museu, vai ver uma fila enorme. Mas não precisa se assustar. Todos os museus parisienses são assim. Provalvemente você vai ficar na fila errada. Pas de souci (sem problema)! Só entrar em outra. Depois de passar por três filas aparentemente corretas, vai ter que passar por detector de metais - tem muita coisa valiosa no Museu da Burocracia. 
            No séc V e pouquinho, Carlos Magno após ter pedido para Igreja para colocar o marco da cidade de Paris em frente à Catedral Notre Dame, esta que ainda nem tinha sido construída. Teve um trabalhão para finalmente conseguir o que queria, decidiu que se o próprio Rei, do que viria a ser França um dia, tem que passar por tal coisa (não existia nome para isso), todos assim deveriam também e de uma maneira que sofressem mais. Foi decretado, assim, que essa "coisa" seria lei, e que reinventariam o modo como faziam nos tempos do César : Museu da Burocracia (video institucional). 
             Já no séc XVII, Louis XIV decidiu que ele era o Estado (l'État c'est moi ou quelque chose comme ça!) e que queria todo o poder (cracia, do grego antigo) de seu escritório (bureau, do francês gaulês). Daí, o termo bureaucratie ou a famigerada burocracia para os brasileiros. Tem até um quadro em tinta à óleo de Dom João VI, pintado por Debret, expulsando as pessoas de suas mansões para que pudesse ficar com elas. Em um ato burocrático, mas bem mais rápido e eficaz que de costume.
              Vale a pena conferir! De verdade! Quanto à burocracia?! Je m'en fiche d'elle (tá errado, mas queria ser enfática, significa "tô nem aí pra ela")!!!


               Sei lá, mil bureaux et mil craties!!!


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Brasil X França

             Acabei de falar com a Juliana, dae me inspirei pra escrever um pouquinho hoje. Afinal, ela é uma dos leitores mais assíduos deste blog. Além do Anônimo, que eu sei que é minha mãe. Bem, provavelmente vou terminar o post depois do jogo amistoso do Brasil X França.


            A imprensa francesa não está otimista, os jogadores franceses não estão otimistas, os franceses não estão otimistas, nem o padeiro está otimista. Talvez o único seja o Sarkozy, mas isso não posso confirmar, apesar de minhas leves suspeitas. Também quem estaria após o fiasco universal liderado por Raymond Domenech na Copa do Mundo na África do Sul? 
            Do lado brasileiro, Mano Menezes tem mais uma oportunidade de que não está pra brincadeira e que nem faz parte do sete anões. É com o Mano, meo, que a gente vai ganhar. Hã?! Não faço ideia, se a gente vai ganhar ou não. Aliás, nem vi nenhum dos outros amistosos que o Mano comandou. Só vou ver esse, porque moro com 4 franceses e minha melhor amiga aqui é a francesa mais brasileira que conheço. Dae, ver um jogo desses em que a França pode levar aquele toco e na França. Vai dá pra esquecer aquele jogo...


Foto tirada em Cervières no programa de índio


                Nem lembro mesmo daquele jogo, tinha só dez anos e minha atenção era constantemente desviada. Só do Galvão falando "Cadê o Ronaldinho?!" e das piadas do Casseta & Planeta falando que ele tinha amarelado, isso, da época em que o programa era engraçado e que o Bussunda era o Ronaldo. 
                Agora é a era do Pato, do Ganso, do Tuiuiu. Aliás, ele deve fazer um gol hoje: o Pato, não o Tuiuiu. Bem, vamos ver no que vai dar. Se depender do jornal local, la Seleçao, do Ordem et Progess (assim mesmo que estava escrito) deve ganhar hoje mermo, porque é uma lenda e porque é penta. Se a gente reclama do jornalismo brasileiro, não se preocupem o daqui também não é lá grande coisa. 
                 Ah, e tinha uma foto de uns 4 jogadores na capa do jornalzinho, nunca tinho visto mais gordo. (agora o Marco saiu do quarto com o violão e gritando e tocando uma música ae). República doida. Só um parênteses mermo.


                 E Mariana, sonhei esses dias que a gente tinha ido pra Cabo Frio. FIca a dica pra uma viagem futura no matsumóvel. Três lugares avaiable. Agora, tô indo com os coloc's para um pub inrlandês ver France versus Brésil sem Galvão Bueno. 


Ah-ha: Terminei o post antes do jogo!


                  Sei lá, mil amistosos!


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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Minha vontade

            Minha vontade era escrever aqui todo dia. Porém, essa realidade não me pertence, porque não acontece muito ou nada de interessante aqui todos os dias. Os dias são só dias. Ou talvez eu esqueça com muita facilidade o que aconteceu nesses dias ou nessa estada toda no continente europeu. E para se escrever é necessário um assunto, no meu caso uma história, uma trama cheia de nós que tenha um desfecho engraçado (no meu julgamento, claro).
            Se bem que eu posso escrever sobre n'importe quoi, mesmo não tendo um plot matriz que carregue o post do blog. Na verdade, acho o estou fazendo. Estou até utilizando termos estranhos à lingua portuguesa sem traduzí-los. Coisa que não iria fazer, como no dito primeiro post acidentalmente deletado por essa pessoa que vos escreve.
           
            Como já dito, não acontece muita coisa. Fui no cinema três vezes essa semana. Muito raro para mim. Pricipalmente aqui. Acho que vejo mais filmes no computador, em DVD ou TV que no cinema. Em três diferentes cinemas de Lyon, todos de rua, sendo um deles um multiplex, a Pathé, ou outros são de bairro e incrivelmente independentes, Le Zola e La Comoedia. 
            Na quarta, vi Wild Target, uma comedia britânico ae com aquele menino do Harry Potter, detalhe: não paguei pra entrar e com preguiça de explicar como. Na quinta, vi La vie de ma chance, um francês ae mas ruim, ruim de doer, com plot ruim, e cast mais ou menos, e ainda paguei 7€40 pra ver essa merda. Na sexta, vi Somewhere, da Sofia Coppola, o melhor dos três sem dúvida, mas não é o melhor dela, na minha opinião é Virgens Suicidas. 
             E no novo filme da Coppola, tem muita gente pop, tem Benicio del Toro, Famosos da TV italiana (que Sabrina, a italiana, ressaltou durante a projeção) e as gêmeas namoradas do M. Heffner, como dançarinas de pole muito... no sentido engraçado. (The Strokes - I'll try anytnhig once - iTunes).


Atenção: post inspirado por vídeos idiotas de PC Siqueira e Felipe Neto. Por algum motivo, esses filhinhos da classe média urbana brasileira vem fazendo sucesso na internet por simplesmente não fazerem o menor sentido e serem aleatórios, I guess, mas sem sê-los na real!


Sem comentários


             Bon, voilà!


             Sei lá, mil coisas!


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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Roupa limpa e macia

           Se eu escrever mais um post falando o quanto eu odeio o banco francês acho que vou parar de escrever. Não acontece nada demais aqui, só o fato de o banco francês vive me atormentando. A nova agora é uma carta falando que eu pedi um serviço do banco chamado Livret Jeune, sei lá que p... é essa! E que já sacaram da minha conta quinze euros assim. Fácil né?! O pior é que recebi um telefonema do banco semana passada e o cara ficou falando um monte de coisa que não entendi. Só entendi as perguntas: Você é a Mlle Monteiro? Você tem uma conta no BNP? Daí disse Oui. Talvez o cara pensou que eu disse Oui também para o serviço bancário. Odeio Telemarketing! E em francês então mais ainda!!!

Vontade de fazer isso:



Nisso:




            Na verdade já o fiz...mentalmente! Já perdi as contas de quantas vezes fui à agência resolver algum problema com a minha conta. E agora vou de novo! Não quero dar um centavo para o banco francês! Porcaria!

           Mudando de assunto: a vida segue calma e tranquila. Peguei umas matérias de melodrama à la J-Lo, e de economia do cinema à la Alex. Consegui escapar de seminários (já não muito boa em português), só tenho que escrever trabalhos. Fui numa de arquitetura contemporânea. Não curti. Pois não estou familiarizada com o assunto de linhas, abóbadas, bauhaus, art nouveau et avant garde do começo do século XX. Posso até ir na matéria, só pra ver qual é, mas não vou "oficializá-la".

          Estou frequentando uma Salle de Sport, só para não ficar parada. Correr no parque é muito ignóbil  nessa época do ano no hemisfério norte. Seu nariz entope, o ar é seco-úmido-gelado-não-dá-pra-explicar. Tenho ido à uma pscina pública de vez em quando e olhe lá com a Aurélie. E hoje, como o prometido, vou ver Somewhere com a Floriane. A gente quase nunca sai juntas. Ela estuda muito. Russo, Alemão e Inglês tudo ao mesmo tempo não é pra qualquer um.

          Um fato engraçado: tenho lavado minhas roupas com sabão em pó e sabão líquido juntos, achando que o líquido era amaciante todo esse tempo!!! Sabrina que me disse que não era "amorbidante". Porcaria. Daí eu sentia que a roupa não estava macia, o que eu fazia? Colocava mais sabão líquido na outra lavagem. Desde outubro do ano passado até semana passada tenho feito isso! Der!!! Semana que vem tem mais.

          Sei lá, mil coisas aleatórias de verdade!!!

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