quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Saudade

            Saudade é para se guardar do lado esquerdo do peito. Não! Não é isso! Ela deve ser morta e deve ser ressuscitada ou algo do tipo. Amanhã é véspera da véspera. E eu irei para Paris encontrar a Paula e o Zaga. Vai ser um natal francês bem brasileiro e iacsiano. Espero! Mas ao mesmo tempo gostaria de estar com minha família no Brasil.
            Não que um natal franco-brasileiro não seria legal. Será apenas mais gelado e terá mais saudades para matar. Não gosto de bancar a assassina. Porém, esse é o fardo de estar longe de pessoas e lugares dos quais você ama. Já tenho meus planos diabólicos para matá-la!
            Eliminá-la! Exterminá-la! Pra quê? Se no fundo precisamos dela, quando estamos longe, no fim do mundo. Imagina se ela não existisse, não sentiríamos aquela vontade de voltar pra casa, nem de reencontrar as pessoas das quais sentimos tanta falta. Iríamos e ficaríamos, sós. Saudade, por mais que eu queira te matar, também gosto de tê-la!
            Desejo a todos um Feliz Natal, un Feliz Navidad, un Joyeux Noël, a Merry Christmas, ein Frohe Weihnachten. E um próspero Ano Novo, cheio de praia, calor, sol e chuva!  Fiquem um video caseiro: Feliz Natal nada original!
        
            Sei lá, mil saudades!
        

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ass Paradise

            Isso mesmo: Bunda Paraíso. Traduzindo o nome da caixa de correio correspondente ao nosso apartamento. Isso mesmo: na França, os apartamentos não têm número. A porta do seu apartamento e da sua boîte lettre possuem sobrenome do proprietário. Como a gente aluga, a caixa não tem nossos nomes, nem o do proprietário, o Sr. Baret. Daí, fica um pouco difícil de receber a correspondência.
            Descobri isso hoje, quando vi uma carta do meu banco, o BNP Paribas, para a Sabrina. Eu reparei que ela tinha dado o nome que designa nossa boîte lettre: Ass Paradise. Vou amanhã no banco mudar o endereço, isso vai me custar 8 euros para eles reenviarem minha senha. Mas vou poder receber o dinheiro do CAF e vou poder receber o dinheiro da caução do aluguel, quando o verão chegar.
            Ironicamente, a descoberta da Bunda Paraíso vai salvar o dia. Bem que gostaria de dizer isto para eles: "The Ass has saved the day. Am I in Paradise?". Pois, já passei muita raiva nesse banco, nesse sistema francês bancário complicado, com o mau humor dos franceses também. Meu plano: chegar no banco pedindo desculpas pelo engano e dizer o novo "endereço", não com sotaque francês, que seria: ás parradiza, mas como se deve dizer em inglês: Ass avec deux "s" Paradise. A guria do guichê não vai sacar mesmo. Minha secreta e silenciosa vingança idiota.
           Essa descoberta da bunda, fez-me lembrar da Revista Bundas. Uma tentativa de paródia de Caras, não lembro direito. Ou era uma revista de piadas que não deu certo. Ela surgiu na mesma época em que Suzana Alves era Tiazinha e Luciano Huck era da Band. E como essa postagem não pudesse ficar mais aleatória: agora fiquem com um videozinho-random!

           Sei lá, mil bundas paraísos!

sábado, 18 de dezembro de 2010

República

            Então, nesses dias natalinos em ritmo de férias. Todos ou quase todos os meus colegas de apartamento voltaram pra suas respectivas casas. Faz tempo que não escrevo nada, porque não aconteceu nada de interessante por aqui. Exceto a Fête des Lumières, que foi um fiasco total, segundo os próprios lionianos. 
            Posso escrever o que aconteceu no passado um pouco mais anterior à festa. Como vocês já sabem, cheguei aqui em setembro. Fiquei alguns dias no Albergue da Juventude de Lyon. Depois tive ajuda de um francês, fiquei na casa dele por um tempo até antes das aulas começarem, ou seja, antes do dia 20 de setembro, teria que achar um lugar para morar. Eu e uma alemã, Elisa, procuramos lugar pra ficar em Colocation, tipo uma República, mas não tem nome e menos festas. Ela conseguiu uma e hoje mora com duas francesas no centro de Lyon. E eu consegui só conhecer um francês, o Marco, que estava procurando apartamento para fazer uma Colocation.
            O Marco colocou num desses sites que anunciam vaga, que ele não tinha vaga para oferecer, mas que estava procurando também e que queria formar uma Colocation. Como eu estava ligando para todos os anúncios e recebendo um "Desculpa, mas o quarto não está mais disponível!", liguei para ele. Nos encontramos num café perto de Bellecour. E lá, estavam a Sabrina, a Floriane e o Mehdi. 
            Isso foi numa terça. Conversamos e decidimos procurar um apartamento no dia seguinte, a principio para seis pessoas, incluindo o padeiro Guillaume, que não estava na reunião. Na quarta, fomos à caça. Depois de ir lá e acolá. Por incrível que pareça, encontramos um apê para seis pessoas, fora de Lyon, em Villeurbanne, no banlieu. Marcamos uma visita no mesmo dia, todos acharam ótimo. O problema é que não podíamos mudar logo de cara, porque estava em reforma. E eu tinha que sair da casa do Florian, porque os seus "coloc's" iam voltar. Mas daí, Aurélie me ajudou, e eu fiquei na casa dela até outubro cuidando dos gatinhos dela.
             Em outubro, mudamos. Já faz uns três meses que moro com: 
             Sabrina, italiana de Bolzano, que não gosta de vinho nem de queijo e que tem alemão como língua materna; é estagiária em medicina, organizada, tem manias de limpeza, é doce e encantadora, e tem um senso de humor que eu curto; pessoa que mais gosto na república. E conhece o México. E cozinha muito bem também.
             Mehdi, francês, estudante de psciologia, gosta de café expresso da sua cafeteira italiana (preciosa), fala inglês com sotaque (mto engraçado), gosta de poker (até agora nunca ganhou), defeitos: achar que sempre tem razão e que possui reposta pra tudo. Frase: Les gens sont bêtes!  
             Floriane, francesa do banlieu de Paris, estudante de tradução em inglês, alemão e russo; é gentil, inteligente, individualista e reservada; curte filmes do Godard; morou na Austrália, e visitou a Tailândia. E estuda pra caramba, muito mesmo!!! 
             Marco, francês-italiano, ou vice-versa, estudante de economia. Mora no Mont Blanc-Chamonix, visual leleske dos alpes. Gosta de música, tem uma bateria eletrônica, violão e amplificador no seu quarto. Já morou na Austrália. E curte The Kooks.
             Guillaume, o padeiro, francês de Roanne. Largou a escola com 16 anos para trabalhar, hoje possui o ofício de fazer pão. Acorda de segunda à sexta, às 4h pra trabalhar, mas tira aquela siesta à tarde. Não fala outra língua, mas arrisca um espanhol; nunca pegou um avião, mas tem vontade de conhecer a Argentina e a Tailândia. Odeia o frio. Seu sonho morar num país tropical.

              Apesar de amar morar sozinha. Tenho muita sorte de tê-los conhecido. A maioria dos estrangeiros na França acabam nem conhecendo nenhum francês, só estrangeiros. Eu pratico francês todos os dias aqui, quando não estou viajando. A gente joga wii, vê Harry Potter, Les Simpsons e Friends dublado, joga poker, bebe cerveja ou vinho, e joga conversa fora sobre qualquer coisa. É muito legal morar, na maior parte do tempo. Às vezes é chato, mas daí eu penso: é a França. Ela é assim às vezes. Tento sobreviver à burocracia cotidiana e achar graça em pequenas coisas, como na neve ou no crepe. 


             Sei lá, mil repúblicas!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tá quente?! Tem luz?!

            Faz 15˚C! Tá quente! Usando menos casaco e botas normais! Posso dizer que hoje tá quente! Uma pena, porque tive que guardar o iogurte que estava na sacada na geladeira de novo. Toda a neve que caiu há duas semanas atrás se foi. Não há mais vestígios dela.
            Agora, estou fazendo o bendito dossier da faculdade, da disciplina Estética do Cinema. Trabalho sobre o corpo no cinema. Resolvi fazer sobre como o Luis Buñuel retrata o corpo nos seus filmes, por meio de Los Olvidados e Belle du Jour. Tenho que entregar para o dia 14 de dezembro. Nesse dia tem uma prova também. Depois estou de férias. Férias curtas. Em janeiro, tudo volta de novo.
            E nesta quarta, dia 8 de dezembro, no mesmo dia que John Lennon mostrou o quão inconveniente um fã pode ser, acontece a Fête du Lumière. A festa dura 4 dias e parece que é bastante esperada pelos lyonais (lionenses? lionianos?).
            
            No sábado, acontece também uma outra tradição: A Ceia da Turma 57. A galera do seixto período vai se reunir para comer comidinhas natalinas e para tomar aquela Cidra de Maçã com Pêssego. Estarei, espero, via Skype. 


            Sei lá, mil luzes e mil cidras!